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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Porque é Natal




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Após um ano inteiro de espera
Finalmente chegou a época natalícia,
Quando toda a gente se esmera
E esquece por um pouco a malícia.

As pessoas sorriem mais entre si
E só agora olham os outros no rosto,
No ano que vier já ninguém sorri
Cada um absorto em seu desgosto.

Os pobres tornam-se o centro das atenções
Terão roupa e mais comida na mesa,
Por alguns dias estarão nos corações
Daqueles que não sabem o que é a pobreza.

As crianças correm estáticas e felizes
Porque terão presentes no sapatinho,
Mal sabem estes pobres petizes
Quanto estará a sofrer o pobre vizinho.

O Menino Jesus na Manjedoura descansa,
Por dois dias é o rei, o Santo milagreiro,
Contudo as pessoas apenas enchem a pança
E adoram o seu deus secreto, o Dinheiro.

Tudo brilha com luzes resplandecentes
Para melhor esconder o omnipresente fedor,
Há que esconder todas as imperfeições subjacentes
Que provêm de um mundo tão sem amor.

Nesta época ninguém pobre quererá parecer,
Dias inteiros passados nas compras é essencial,
Tudo do melhor para a mesa posta encher
E os vizinhos e familiares poder surpreender.

Época de consumismo e tempo perdido,
Uns gastos a mais decerto não farão mal
Dormir até tarde e abusar do vinho vertido,
Porque o excesso não é válido, sendo Natal.

Sentimo-nos heróis porque doamos presentes
Aos pobres que deles mais necessitam,
Visitamos e elogiamos os nossos doentes
Que no resto do ano por conveniência se evitam.

Pois então minha gente, como ficamos,
Para que queremos o Natal afinal,
Será apenas um interlúdio do que já penámos
Ou uma oportunidade de optar pelo artificial?






sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Folhas Caídas










Folhas caídas,
Esvoaçantes como seda ao vento,
Memórias esquecidas
E queimadas pelo ardor do tempo.
O sol com timidez
Brilha através de uma cúpula de cinzas
O vento que sopra brincalhão
Levando para longe o pensamento,
A chuva que cai sem razão
Porque a terra chama-a, moribunda.
O outono faz-nos pensar
E recordar o que tão depressa se foi,
É tempo de sonhar
Enquanto o sol morno nos aquece.
Um brilho saudoso no olhar
Quando o espírito cedo amanhece.
Um dossel de ramos nus
Acompanham as passadas aceleradas,
Nada faz realmente jus
À beleza das árvores enfileiradas.
O coração da estação
Que ainda que lento, continua a bater,
Um apelo à solidão
Que nos convida a sem rumo vaguear;
Não há fogo nem paixão
Mas um repouso que nos faz abrandar:
O outono é um velho moribundo
Que cansado arrasta seus pés,
De suave magia cobre o mundo
Percorrendo-o de lés a lés.
Vermelho, castanho dourado,
Serpenteando pela atmosfera gelada
Um sonho etéreo e encantado
Que se esfuma numa lareira incendiada,
Os cheiros que permanecem
De algo indefinível, contudo cativante,
Os relógios da igrejas
Anunciam as horas como de habitual,
Desta vez tocam
Por um presente repleto de poesia outonal.
O Outono é poeta
Que escreve sonetos nas folhas caídas
E suavemente nos alerta
Que o tempo é lento, mas as horas finitas.
Seu tapete de folhas estende
Até de vista se perder,
Dando boas vindas, silenciosamente,
Ao Inverno que cedo irá aparecer.
O Outono é breve
Como um suspiro de saudade,
É belo, fresco e leve
Libertador como a verdade.
Portanto dancemos
Como dançam as folhas caídas
E com solenidade festejemos

Fazendo coroas com as folhas colhidas.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Estrela da Manhã

 
 
 
 
 

Escutando seus passos pisando o gelo frio
Sob uma redoma de árvores sem cor e sem brilho,
As nuvens oprimem com sua cor pardacenta
E obscurecem com indolência o negro trilho
Aonde como neblina a melancolia assenta.
 
O ar é tão frio que queima os pulmões
E torna a respiração em vapor evanescente,
Agride o corpo sem dó e sem piedade
E prega partidas amargas cruéis à mente,
Sadicamente enfraquecendo a já débil vontade.
 
Assim sofre o viajante só e desprevenido
Que se vê apanhado pelas garras do Inverno;
A noite será tão bela e estrelada,
Num firmamento que é vasto e eterno
Sobre um manto de branco e de nada.
 
Receando não conseguir continuar sua marcha,
Cai de joelhos, simplesmente olhando o céu
Perguntando-se quando será o seu fim
Que cobrirá seu corpo com seu negro véu,
Questionando-se porque teria de desaparecer assim.
 
Até que naquele instante de puro receio,
Mesmo antes do frio despertar da aurora
Entre as árvores surge uma luz intensa,
Naquela desesperada e fatídica hora
Invadindo as sombras com sua alva presença.
 
Seria um cândido anjo que viera para o salvar
Ou apenas um truque cruel que o frio criou?
Com receio e alguma curiosidade decide aproximar-se
E ignorar as pegadas que seu desespero deixou,
Contemplando tal beleza que era pura catarse.
 
Mesmo estando tão perto e à sua frente
Era como se aquela luz ali não estivesse,
A distância era impossível de medir
E ele receava que logo o amanhecer viesse
Para cruelmente aquela magnífica luz suprimir.
 
Ali continuava ela, contrastando com as trevas,
Chamando-o e convidando-o ao esquecimento,
Fazendo-o recordar-se de todas as suas tristezas
Que já não lhe causavam tanto sofrimento
Nem abalavam as suas antes débeis certezas.
 
De emoção e de júbilo chorou, prostrando-se na neve,
Adorando o chão que aquela divina luz tocava
Seria a Estrela da manhã que descera para o salvar
E com invisíveis mãos de seda seu rosto tocava,
Ou seria apenas ao Morte que o viera buscar?
 
Contudo seu corpo enchia-se de vida e de calor,
Eclipsando as sombras de seus medos com rapidez;
O frio era apenas uma aragem que por ele passava
E tudo à sua volta era percebido com nitidez
Enquanto aquela celestial presença brilhava.
 
Até que  o céu começou a clarear
E os poucos a bela luz foi-se extinguindo,
Deixando um ténue rasto de calor no ar
À medida que ia subindo e subindo,
Como um anjo que ao céu tem de voltar.
 
Até ao fim da sua vida
Aquela luz o viajante jamais esqueceu,
Deu-lhe forças para continuar a lutar e a viver,
Guardando na memória aquele momento só seu
Em que uma luz fez o próprio Inverno esmorecer.
 
 
 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Castelos de Vidro





 


Num mundo meu, apenas meu,
Mundos sem fim posso criar,
Pedaços de terra e de céu
Onde minha mente pode penetrar.

Uma imaginação ingénua muito pode conceber
Quando a criança interior ainda não desapareceu;
Contudo os caminhos da vida acabarão por endurecer
E enfraquecer aquele vasto mundo que cedo nasceu.

Belos castelos de vidro pude construir,
Cintilantes sob a cálida luz matinal.
Pena que esses castelos terão de ruir
E tornarem-se cortantes como pedaços de cristal.

Ah, que saudades da liberdade de criança,
Quando tudo é maravilhoso e inspiração,
Dela resta apenas uma nostálgica lembrança
Dos sonhos que nunca mais surgirão.

O passado ainda tenta manter as fundações
Dos palácios que tanto amei criar,
Contudo o ríspido presente esbate as ilusões
Dos sonhos que a mente deseja acalentar.

Os jardins da alma poderão despontar,
Contudo a responsabilidade é omnipresente,
A cada dia é um novo despertar
Que nos acorda para a vida duramente.

De que adiante lutar contra corrente
E tentar à dura realidade escapar?
O escapismo pode deixar alguém doente
E a negação apenas tudo irá piorar.

Com lágrimas que hesitam em cair,
Assisto ao desmoronar dos castelos tão estimados;
Pedaço a pedaço bem que os tento reconstruir
Contudo ficarão sempre diferentes, desfigurados.

As sementes da loucura são perigosas,
Contudo o mundo cruel podem ocultar.
As cores da imaginação despontam como rosas
Que na infértil realidade acabarão por murchar.

 Por isso deixem minha perda chorar
Pelos castelos que não mais se erguerão,
Com aquela imponência de a respiração tirar,
E aquela poesia de enternecer o coração.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Saudade






Saudade, palavra plena de dor,
É querer agarrar o passado entre as mãos,
É sofrer uma lenta tortura em silêncio,
É desejar um momento que não mais regressará,
Pois um momento passado nunca se repetirá.

Numa nascente de lágrimas me banho
Quando a saudade me esmaga o peito;
Fico de luto pelo ontem que se foi
Nem querendo do incerto amanhã saber,
Uma vez que o melhor já pude conhecer.

Notas de melancolia tristemente emanam
Das frouxas cordas do meu violino interior;
Não preciso de voz para poder chorar
Pois a maior dor é no silêncio mantida,
Não precisando sequer de ser conhecida.

O presente jamais poderá suplantar
O que no glorioso passado se viveu;
Recordá-lo deixa-nos de coração partido;
É como uma frágil jarra quebrada
Que jamais voltará a ser montada.

No cemitério das coisas passadas
Muitos de nós por horas vagueiam,
Impedindo-nos de viver por nós mesmos
A vida dura e repleta de solidão
Sem aqueles pedaços de pura ilusão.

Sentimos a vastidão do vazio
E o chão que foge sob nossos pés;
Sem a âncora do agora ficamos à deriva,
Arrastados pelas poderosas ondas dessa Saudade,
Nada mais que o espelho invertido da felicidade.

  Deixai-me desfalecer sobre as minhas memórias
Porque estranhamente preciso delas para viver
Para valorizar o que é realmente importante.
O passado é como a areia que cai
E que por nossas ávidas mãos se esvai.





sexta-feira, 14 de junho de 2013

Anjos Caídos








Caminhante de cinzentas estradas
Agredidas pelo frio do Inverno,
Folhas mortas pelo vento arrastadas,
Testemunhas de que o tormento é eterno.

Tão cedo me distraio com tudo em redor,
Envolto numa penumbra de neblina sombria,
É um enevoado espelho do meu interior,
Um livro volumoso de minha poesia.

A inspiração é do mais caprichoso que há:
Num segundo enche-nos de ideias brilhantes
E no próximo tudo tira e nada dá,
Restando resquícios de pensamentos cambiantes.

O pior que me pode acontecer
É fugir do meu mundo interior
Tal fuga far-me-á esquecer
O que antes criava com tanto amor.

Todo o sonhador tem suas crises
Nascidas do tédio e do pesar,
Tal como uma árvore sem raízes
Que sem luta  acabará por tombar.

Não sinto-me digna de envergar
O chapéu puído de tanto usado,
Um tesouro partilhado e sem par,
Merecido apenas pelo mais iluminado.

As minhas mãos não conseguem acompanhar
A velocidade de meus pensamentos errantes,
Falta a paixão para ao mundo apresentar
As palavras que deveriam ser cativantes.

Os meus mentores não são os vivos,
São aqueles que se foram há séculos atrás,
Foram heróis apaixonados e amantes lascivos
E inspiraram-me a acreditar que seria capaz…

Capaz de seguir as suas pegadas
Que marcaram o solo como ferro em brasa,
Deixaram um legado de coisas tão estimadas
Familiares e acolhedoras como minha casa.

Continuarei a escrevinhar sempre que conseguir,
Sem perguntar-me se irão ler ou comentar,
Afinal de contas não poderei abolir
O que comigo nasceu e acompanha meu respirar.

As ideias parecem bonitas em minha mente,
Contudo quando as transcrevo são medíocres, forçadas,
É um desapontamento que deixa-me impotente
Ao ler minhas linhas tão pobremente pensadas.

O fogo de Apolo ainda arde tenuemente,
Aguardando uma rajada que o vá atear,
Anseia por uma melodia que passe docemente
E incendeie o coração fraco de tanto bombear.

As noites e os dias seguem-se monotonamente
Sem um despertar que os encha de magia,
O sol e a lua surgem no céu, alternadamente,
Insistindo que busque em sua luz uma epifania.

Ah, como ser poeta é doloroso,
Um mendigo vagueando por becos de solidão,
Sentir o frio num peito dorido e choroso,
Quando o choro não acalma o ferido coração.

Tantas cicatrizes o tempo deixou
Que em amargas quadras se transformaram,
Destes filhos bastardos que o mundo rejeitou,
Porque perderam suas asas e se rebelaram.

Suas asas não são alvas como o amanhecer
E sim negras como a noite e o carvão,
Escurecidas pelas sombras do tortuoso ser
E pela loucura que levará  à extinção.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Mãe







Como é possível uma palavra tão pequena
Ter um significado do tamanho do mundo?
Tão suave e leve como uma pena,
Imensa como o mar, poderoso e profundo.
Desde os primórdios, nome antigo e sagrado,
Uma candeia que a humanidade sempre guiou,
Símbolo de poder e protecção, tão reverenciado,
Que tantos de nós comoveu e inspirou.
Mãe é aquela que a seus filhos tanto ama,
Uma guia subtil como as pegadas na areia,
É a luz que nunca se apaga, potente chama,
Uma deusa, uma santa uma preciosa candeia.
Mãe, aquela que tanto dá sem nada receber,
Anjo protector disponível a toda a hora
Mesmo que sua liberdade venha a perder.
Mãe, frágil como um cristal cintilante
E contudo firme como uma rocha,
O sol de um amanhecer revigorante,
Combatendo nossas trevas como uma tocha,
É uma guerreira em batalhas que duram uma vida,
Usando de sua força para seus filhos guiar,
Nem uma única batalha poderá ser perdida
Porque o amor de mãe pode tudo derrotar.
Mãe, tanto amor dá sem nenhum amor pedir
E mesmo assim tantos dos seus filhos
Viram-lhe as costas sem um «Obrigado» ao partir,
Contudo a vida acabará por lhes ensinar,
Que uma não vive eternamente;
Assim quando seus filhos quiserem regressar
Poderão não ter mais uma mãe presente;
Para agradecerem o que antes não agradeceram,
Para pedir perdão por terem sido tão ingratos,
E só agora souberam o que perderam,
Acabando por ter consciência de seus actos.
Uma mãe por seus filhos tanto sofre,
Porque são eles a razão de sua vida,
São eles tesouros, guardados num cofre,
Que não possui chave nem medida.
É em seu coração que estão em segurança,
Até que possuam asas para voar,
Um filho não é eternamente uma criança,
E um dia sua mãe a irá libertar.
Quando todas as costas se nos voltarem,
Teremos sempre a mãe do nosso lado.
As amizades não foram feitas para durarem.
O amor de mãe sim, este é eterno,
Perdurando até para além da morte,
Está acima de qualquer céu ou inferno,
Acima de qualquer magia ou sorte.
É mais poderoso que qualquer tempestade,
Mais constante que as próprias estações,
Aplaca o medo, a solidão, a infelicidade,
Pois o amor supera todas as outas emoções.
O dia da Mãe é um dia especial,
Contudo são seus todos os dias,
Mãe é amor físico e amor espiritual,
Fonte de tantos poemas e melodias.