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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Viúva






Sob um céu negro como breu,
Ela arranha a terra com suas mãos feridas,
Chorando aquele ente amado que faleceu;
Estilhaços de uma cortante memória perdida.

O mar revolto ruge como um grito de dor,
Mais alto que o choro dela, debalde gritar
Quem ouvirá os queixumes curará o ardor
Que tortura seu coração até o despedaçar?!

Já o sangue nas veias não corre,
Apenas sal das lágrimas derramadas.
Lenta, penosamente a sua vontade morre
Sob negras pregas do vestido, esfarrapadas.

Seu vestido de viúva esvoaça,
Qual vela de navio á deriva
Sua visão torna-se indistinta e baça
Á medida que sua desgraça a devora viva.

De que servirá esperar por um novo dia
Se o fim já espera à sua porta?
Adeus mundo cruel que tudo desvia;
Ao mar se atira para ser encontrada morta.


Luna Plena



Já a noite vai alta, O céu um lençol de estrelas cintilante, Seu brilho é pálido e sem encanto...



Já a noite vai alta,
O céu um lençol de estrelas cintilante,
Seu brilho é pálido e sem encanto
Quando surge a Lua Cheia, triunfante,
Eclipsando a escuridão com seu luminoso manto.

Lua, Lua Cheia
Reflectida no espelho de minha alma,
Tua magia é um milagre num mundo sem vida.
Ilumina as trevas desta noite calma
Traça teu trilho para cada alma perdida.

Lua, Lua Cheia,
Ergo meus braços para ti em adoração,
Descalça ignoro a tortura deste chão duro
Choro lágrimas de cristal com devoção,
Purifico-me no banho de teu brilho puro.

Lua, Lua Cheia,
Dá-me poder para triunfar,
Dá-me coragem para não temer a escuridão,
Deixa-me correr sob tua luz até me cansar,
Faz-me sorrir à Morte quando ela chegar!



Inverno




Sereno chega o Inverno Com promessas de um sono eterno; Seu gélido peso desce sobre a terra, Alvo manto de neve sobre a serra.


Sereno chega o Inverno
Com promessas de um sono eterno;
Seu gélido peso desce sobre a terra,
Alvo manto de neve sobre a serra.

O vento cortante uiva como se chorasse,
O silêncio impera como se o tempo parasse,
A Natureza cai num sono profundo
E durante meses governa todo o mundo.

Impera um ambiente frio e estéril
Num equilíbrio tão neutro e débil,
A neve cai de um céu escuro, invernal
E as árvores choram lágrimas de cristal.

Impera uma longa e inaudível sinfonia
Que muda de ritmo da noite para o dia,
Em tela tão branca reside uma estranha pureza
Nessas paisagens que transbordam de gélida beleza.

O frio com suas garras domina, forte e terrível
E o calor do sol chacina, imponente, temível,
Sente-se a crua magia no ar ao amanhecer
E a ameaça da tempestade ao anoitecer.

Tudo parece de fino vidro feito,
Tão frágil e contudo tão perfeito,
Um quadro magnífico e hipnotizante,
Monótono, porém de um carisma intrigante.


Durante três meses o Inverno é Imperador.
Pintando suas paisagens com tão fria cor.
O que durante meses surgiu e floresceu,
Soçobrou, definhou e por fim morreu.

Inverno é tempo de repouso e de morte,
Contudo uma bênção de grande porte,
Após o gelo derreter começará uma nova era,
E das cinzas surgirá uma renascida Primavera.