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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Castelos de Vidro





 


Num mundo meu, apenas meu,
Mundos sem fim posso criar,
Pedaços de terra e de céu
Onde minha mente pode penetrar.

Uma imaginação ingénua muito pode conceber
Quando a criança interior ainda não desapareceu;
Contudo os caminhos da vida acabarão por endurecer
E enfraquecer aquele vasto mundo que cedo nasceu.

Belos castelos de vidro pude construir,
Cintilantes sob a cálida luz matinal.
Pena que esses castelos terão de ruir
E tornarem-se cortantes como pedaços de cristal.

Ah, que saudades da liberdade de criança,
Quando tudo é maravilhoso e inspiração,
Dela resta apenas uma nostálgica lembrança
Dos sonhos que nunca mais surgirão.

O passado ainda tenta manter as fundações
Dos palácios que tanto amei criar,
Contudo o ríspido presente esbate as ilusões
Dos sonhos que a mente deseja acalentar.

Os jardins da alma poderão despontar,
Contudo a responsabilidade é omnipresente,
A cada dia é um novo despertar
Que nos acorda para a vida duramente.

De que adiante lutar contra corrente
E tentar à dura realidade escapar?
O escapismo pode deixar alguém doente
E a negação apenas tudo irá piorar.

Com lágrimas que hesitam em cair,
Assisto ao desmoronar dos castelos tão estimados;
Pedaço a pedaço bem que os tento reconstruir
Contudo ficarão sempre diferentes, desfigurados.

As sementes da loucura são perigosas,
Contudo o mundo cruel podem ocultar.
As cores da imaginação despontam como rosas
Que na infértil realidade acabarão por murchar.

 Por isso deixem minha perda chorar
Pelos castelos que não mais se erguerão,
Com aquela imponência de a respiração tirar,
E aquela poesia de enternecer o coração.