A neblina do tempo encontra-me acordada,
Prisioneira de uma vida indesejada
Que me impede de sonhar livremente,
Enjaulando a aérea essência do meu ser,
Ah, se ao menos pudesse adormecer…
A chuva tamborila provocante lá fora,
Enquanto só penso em evadir-me, ir embora
Deste mundo pesado e de beleza ilusória,
Que me sufoca até meu interior ofuscar,
Ah, se ao menos eu pudesse escapar…
As horas escoam-se num ritmo exasperante,
Negando-me aquilo que me é mais importante:
A capacidade de sonhar sem limites,
O poder de voar leve como o vento,
Ah, se pudesse desaparecer por um momento…
Os grilhões do agora prendem-me ao chão
Sem que possa avançar na escuridão,
Os meus passos são silenciosos, ligeiros
Nas passagens que só eu posso percorrer,
Ah, quem me dera soçobrar e desfalecer...
O coração enlutado chora no meu peito
Na expectativa de repousar no doce leito,
Que é o mundo dos sonhos, das quimeras;
Pouco ou nada ao Mundo desejo pedir
Ah, se ao menos pudesse renunciar e fugir…
O Mundo está contra mim, revoltado
Porque em seu reino sonhar é pecado,
Se insistir em torturar-me toda a vida,
Então esses trilhos cruéis não quero ver,
Ah, se ao menos pudesse libertar-me e morrer!
Sem comentários:
Enviar um comentário