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domingo, 16 de dezembro de 2012

Final


Correndo em círculos numa eternidade tangente, Pelos bosques da perdição, intermináveis em sua viçosa vegetação,...



Correndo em círculos numa eternidade tangente,
Pelos bosques da perdição, intermináveis em sua viçosa vegetação,
Os pés cansados sangram em sua fragilidade,
Respirar é um sacrifício pleno de infelicidade.
Quantos anos passaram desde o último sorriso sincero?
Quando a inocência era pura ignorância,
Os castelos que de oiro e prata se erguiam
Tornaram-se ruínas de pó e esquecimento.
O sangue brota das feridas que não fecharam
Nenhum  bálsamo ou milagre as cicatrizaram.
Para sempre sangrarão como memórias persistentes,
Gravadas no diário da vida com sangue,
O coração sangra ao descrever tristes memórias
De um passado pleno de empoeiradas histórias.
Vezes sem conta são recordadas com punhaladas de dor,
Um lenço de despedida que cedo perdeu a cor
Esvoaçou em ventos de tormenta
Até se tornar um farrapo, um pesadelo.
Tanto sofrimento reprimido com desvelo,
Contudo o coração não esquece,
Teimando em manter um mundo que se desvanece
A cada ansioso olhar pleno de saudade.
Chove sobre as páginas manuscritas por mãos trémulas
Que com o tempo ficam enrugadas, inutilizadas pela decadência.
O espírito desfalece num estado de dormência
Ao som de uma sonata plena de amargura,
Uma lenta e calma ascensão à loucura,
Descendente em direcção à abençoada demência
A bendita incapacidade de relembrar o que mais magoava
E de recitar o poema que mais torturava.
A folhas de Outono caem num gracioso fluir
Aterrando sem som, num solo sagrado e pleno de triste candura;
O fim chega com um sonante contudo etéreo requiem à existência
Quando perfumadas flores aterram sobre a eterna sepultura.

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