Que caminhos tortuosos te terão levado
A escolher glória pessoal e fama?
Como alguém tão culto poderia ser enganado,
Acabando seu triunfo por se tornar drama,
Os espelho apenas reflectiam narcisimo,
Uma alma conspurcada pela glória do abismo.
Porque vendeste tua alma ao Diabo?
Seria sede de conhecimento ou de beleza
Que te faria jovem ao fim e ao cabo,
Trinta e quatro anos de juventude e grandeza,
Tantos desejos indómitos abafaram tua razão,
Arrastando-te ao poço da eterna danação.
Nesse século de estudiosos,
Tantos livros eram abertos com avidez,
Invejavas teus alunos jovens e formosos,
Ricos e ociosos, ébrios de pura languidez,
Almejavas a juventude e ainda a sabedoria,
Cada hora na ampulheta do destino se perdia.
Quando em teu leito de morte te encontravas,
Tuas mãos agarravam ciosamente manuscritos,
Era pela vida,não pela salvação que chamavas,
Temias mais a morte que juramentos malditos,
Como grilhetas te prenderam com maldade,
Servindo elas para toda a eternidade.
Agora na noite mais profunda e escura,
Caminhas sem rumo nas lajes do cemitério,
Teus passos ecoando na pedra fria e dura,
Teu negro manto cheio de mofo e mistério,
Tua bengala tacteando o teu trilho terrível,
Digna de um conde vampiresco, insensível.
Para o alto nunca mais olharás,
Tua face não se erguerá para o céu,
Nos tenebrosos infernos lamentarás ,
A tua profunda cegueira que te tornou réu
De um julgamento que não poderá terminar,
Tamanha tua ambição que cedo te fez vergar.