Após um ano inteiro de espera
Finalmente chegou a época natalícia,
Quando toda a gente se esmera
E esquece por um pouco a malícia.
As pessoas sorriem mais entre si
E só agora olham os outros no rosto,
No ano que vier já ninguém sorri
Cada um absorto em seu desgosto.
Os pobres tornam-se o centro das atenções
Terão roupa e mais comida na mesa,
Por alguns dias estarão nos corações
Daqueles que não sabem o que é a pobreza.
As crianças correm estáticas e felizes
Porque terão presentes no sapatinho,
Mal sabem estes pobres petizes
Quanto estará a sofrer o pobre vizinho.
O Menino Jesus na Manjedoura descansa,
Por dois dias é o rei, o Santo milagreiro,
Contudo as pessoas apenas enchem a pança
E adoram o seu deus secreto, o Dinheiro.
Tudo brilha com luzes resplandecentes
Para melhor esconder o omnipresente fedor,
Há que esconder todas as imperfeições subjacentes
Que provêm de um mundo tão sem amor.
Nesta época ninguém pobre quererá parecer,
Dias inteiros passados nas compras é essencial,
Tudo do melhor para a mesa posta encher
E os vizinhos e familiares poder surpreender.
Época de consumismo e tempo perdido,
Uns gastos a mais decerto não farão mal
Dormir até tarde e abusar do vinho vertido,
Porque o excesso não é válido, sendo Natal.
Sentimo-nos heróis porque doamos presentes
Aos pobres que deles mais necessitam,
Visitamos e elogiamos os nossos doentes
Que no resto do ano por conveniência se evitam.
Pois então minha gente, como ficamos,
Para que queremos o Natal afinal,
Será apenas um interlúdio do que já penámos
Ou uma oportunidade de optar pelo artificial?
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