Saudade, palavra plena de dor,
É querer agarrar o passado entre as mãos,
É sofrer uma lenta tortura em silêncio,
É desejar um momento que não mais regressará,
Pois um momento passado nunca se repetirá.
Numa nascente de lágrimas me banho
Quando a saudade me esmaga o peito;
Fico de luto pelo ontem que se foi
Nem querendo do incerto amanhã saber,
Uma vez que o melhor já pude conhecer.
Notas de melancolia tristemente emanam
Das frouxas cordas do meu violino interior;
Não preciso de voz para poder chorar
Pois a maior dor é no silêncio mantida,
Não precisando sequer de ser conhecida.
O presente jamais poderá suplantar
O que no glorioso passado se viveu;
Recordá-lo deixa-nos de coração partido;
É como uma frágil jarra quebrada
Que jamais voltará a ser montada.
No cemitério das coisas passadas
Muitos de nós por horas vagueiam,
Impedindo-nos de viver por nós mesmos
A vida dura e repleta de solidão
Sem aqueles pedaços de pura ilusão.
Sentimos a vastidão do vazio
E o chão que foge sob nossos pés;
Sem a âncora do agora ficamos à deriva,
Arrastados pelas poderosas ondas dessa Saudade,
Nada mais que o espelho invertido da felicidade.
Porque estranhamente preciso delas para viver
Para valorizar o que é realmente importante.
O passado é como a areia que cai
E que por nossas ávidas mãos se esvai.
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